"Julga-se fazer honra à Filosofia, ao propô-la um substituto da religião para o povo. De fato, na economia espiritual é necessária ocasionalmente uma ordem transitória de pensamento; assim, a passagem da religião para a concepção científica é um salto violento, perigoso, algo a desaconselhar. Nesse sentido, há razão nessa recomendação. Mas finalmente, dever-se-ia admitir também que as necessidades que a religião satisfaz e que agora a filosofia deve satisfazer, não são imutáveis; essas necessidades podem ser enfraquecidas e extirpadas.Basta pensar, por exemplo, na miséria da alma cristã, nos gemidos diante da corrupção interior, na preocupação com a salvação - tudo noções que não derivam senão de erros da razão e que não merecem satisfação nenhuma, mas sua destruição. Uma filosofia pode servir em ambos os sentidos, porque satisfaz essas necessidades como porque a elimina, pois são necessidades aprendidas, limitadas no tempo, que repousam em hipóteses contrárias às da ciência. Nesse caso, o que deveria servir de transição é muito pelo contrário a arte, a fim de aliviara consciência sobrecarregada de emoções, pois, essas hipóteses serão muito menos alimentadas pela arte do que pela filosofia metafísica. A partir da arte, pode-se em seguida passar mais facilmente a uma ciência filosófica realmente libertadora". Nieyzsche - Do livro "Humano, Demasiado Humano"
22 de abr. de 2008
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